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Complexo Gengivoestomatite Felina

A Gengivoestomatite Linfoplasmocítica Felina (GELF), também denominada de Complexo Gengivoestomatite Felina e Estomatite-Faringite Plasmocítica Felina, é uma doença de cavidade oral comumente observada na medicina de felinos.

Essa síndrome, caracteriza-se por lesões orais, tipicamente bilaterais e ulceradas que causam intenso desconforto, levando a quadros de disfagia, anorexia e emagrecimento.

Diversos agentes etiológicos são associados a ocorrência desta doença, mas é consensualmente aceite que se trata de uma doença de natureza multifatorial que resulta de uma resposta imunitária inapropriada a um estímulo antigénico oral crônico. O envolvimento de vírus, agentes bacterianos e fatores imunitários são as causas mais apontadas, destacando-se o calicívirus felino (CVF), o herpesvírus felino (HVF), o vírus da leucemia felina (FELV), o vírus da imunodeficiência felina (FIV), bem como a resposta desencadeada pelo organismo a bactérias da própria flora bucal. Os fatores envolvidos de cariz não infeccioso são nutricionais, condições ambientais e de maneio, fatores genéticos e ainda fatores locais tais como lesões de reabsorção dentária, raízes retidas e doença periodontal que podem exacerbar esta doença.

Clinicamente os felinos apresentam, halitose, sialorreia, baixo escore corporal, anorexia, disfagia e intenso desconforto oral, evidenciado durante a alimentação. As lesões observadas na cavidade oral, geralmente apresentam-se bilaterais e simétricas, de aspecto friável, frequentemente ulceradas e facilmente sangram a manipulação. No que diz respeito a localização, as lesões podem ser encontradas na gengiva, arco glossopalatino, palato duro/mole, faringe e língua.

A média de idades varia de acordo com os autores (6-8 anos), no entanto, pode ocorrer em qualquer idade do animal, sem predisposição de sexo.  Quanto a raça, autores relatam a ocorrência predominante em felinos SRD (85,2%) seguidos das raças Siamês, Abíssimo, Persa, Himalaia e Burnês.

Histologicamente é observado inflamação de interface epitélio/mucosa composta por principalmente plasmócitos e linfócitos. Ainda, na classificação é utilizada a graduação em Grau 0 (mucosa normal), Grau 1 (inflamação discreta), Grau 2 (inflamação moderada) e Grau 3 (inflamação acentuada).

O diagnóstico deve ser realizado associando os achados clínicos, histológicos e a avaliação dos agentes envolvidos, sendo esse realizado através de análise molecular (PCR) ou análise imuno-histoquímica com a visualização do agente “in cito” na lesão tecidual.

Esta doença assume particular relevância devido à sua frequência, impacto na qualidade de vida do animal e sobretudo devido à sua refratabilidade aos tratamentos aplicados, aplicando assim a sua grande importância diagnóstica.

 

 LESÕES MACROSCÓPICAS

 

 (ROLIM et al., 2016)

 LESÕES HISTOLÓGICAS

 

 (ROLIM et al., 2016)

LESÕES VISUALIZADAS ATRAVÉS DO EXAME DE IMUNO-HISTOQUÍMICA

 

 (ROLIM et al., 2016)

 

Lembre-se sempre que é fundamental consultar um médico veterinário especialista, o qual dará melhor suporte clínico e cirúrgico ao paciente.

Texto escrito pela Médica Veterinária Patologista Gabriela Fredo - CRMV-RS 12455

Referências Bibliogáficas:

  1. Davis, E.M., (2015). How i treat refractory feline chronic gingivostomatitis. Disponível em:http://www.cliniciansbrief.com/sites/default/files/attachments/HIT_How%20I%20Treat%20 Refractory.pdf
  2. Arzi, B., Mills-Ko, E., Verstraete, F.J.M., Kol, A., Walker, N.J., Badgley, M.R., Fazel, N., Murphy, W.J., Vapniarsky, N. & Borjesson, D.L. (2016). Therapeutic efficacy of fresh, autologous mesenchymal stem cells for severe refractory gingivostomatitis in cats. Stem Cells Translational Medicine, 5(1), 75-86.
  3. Johnston, N. (2012). An updated approach to chronic feline gingivitis stomatitis syndrome. Veterinary Practice, 44, 34-38.
  4. Harley, R., Gruffydd-Jones, T.J., & Day, M.J. (2011). Immunohistochemical characterization of oral mucosal lesions in cats with chronic gingivostomatitis. Journal of Comparative Pathology, 144(4), 239-250
  5. Rolim, V.M., Pavarini, S.P., Campos, F.S., Pignone, V., Faraco, C., Muccillo, M.S., Roehe, P.M., Costa, F.V.A. & Driemeier, D. (2016). Clinical, pathological, immunohistochemical and molecular characterization of feline chronic gingivostomatitis. Journal of Feline Medicine and Surgery, 1098612X16628578.
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